segunda-feira, 21 de julho de 2014

«CONSTRUÍ A MINHA IMAGEM NO BENFICA» - SIMÃO


Foi jogador e capitão da equipa de Futebol profissional e, em entrevista ao programa Alta Fidelidade da BTV, reconheceu que o Clube foi determinante para a carreira que conseguiu ter.

Como recorda a apresentação no Barcelona, no longínquo ano de 2001, estava nervoso naquele dia?
Super nervoso. Aliás esses dias foram super complicados e alucinantes sem dúvida. Foi a despedida, a contratação, foi o viajar para Barcelona, testes médicos, tudo. E portanto, com 19 anos, super jovem, vindo de Vila Real com 13 e, ir para Barcelona, é claro que foi uma mudança muito grande.

Estamos a falar de evolução, sente orgulho pela carreira que fez até ao momento?
Sinto muito orgulho realmente, porque acho que tudo o que construí, foi mesmo à base de trabalho e também de muita humildade. Foi sempre essa a mensagem que os meus pais me passaram.

Quando era criança queria ser o quê? Sempre quis ser jogador de futebol?
Do que me lembro, comecei a jogar futebol na tua, e a partir dos nove, dez anos sempre quis ser jogador de Futebol. A Dona Ilda, a minha mãe, não me deixava, quando tive de vir para Lisboa ela não queria, depois, foi o meu irmão que lá conseguiu dar a volta aos meus pais e deram-me a autorização para vir para Lisboa.

A sua mãe é uma simpatia está sempre bem disposta, sempre a rir e isso é excelente. Ajuda muito na carreira de um jogador?
Claro que sim, isso é o mais importante, é saber que ela está bem, e assim nós podemos fazer o nosso trabalho e estar tranquilos também.

O seu pai era uma pessoa especial para si. Foi um momento particularmente complicado…
Sem dúvida, sempre tive uma ligação muito forte com os meus pais, saí muito pequeno de Vila Real, mas sempre tentei estar próximo. Não é fácil e depois aconteceu o que aconteceu. Estava em Istambul no Besiktas, ele estava muito doente e não se podia fazer muita coisa derivado ao seu grave problema de saúde. Quando estava a viajar de Istambul para ir visitá-lo ao hospital, aterrei e recebi a notícia. Senti-me muito triste porque o meu pai estava doente e eu queria visitá-lo só que a minha situação profissional não o permitiu. Tiram-me as palavras com ele.

Muitas pessoas têm a imagem de um Simão Sabrosa capitão, mas há um Simão que as pessoas não conhecem, um Simão divertido, brincalhão?
Eu adoro diversão, mas sempre transmiti em entrevistas, uma forma de ser e de estar profissional. Tentei sempre ser um exemplo, apesar de muitas pessoas acharem que eu era arrogante.

Ainda mantém amizades com jogadores de futebol do tempo do Benfica campeão até hoje?
Sim, com o Nuno Gomes, o Miguel, falo com o Moreira e com muitos jogadores.

O que recorda dos momentos vividos no Benfica?
Foram 6 anos muito bons e realmente construí a minha imagem aqui no Benfica. Cresci no Sporting, mas foi no Benfica que consegui a minha estabilidade, onde consegui levar o meu nome mais alto. Quando fui para Barcelona, as pessoas duvidavam de mim, tive dois anos complicados em Espanha com mudança de treinadores, de jogadores e de presidentes, mas aqui foi diferente.

Gostava de acabar a carreira no Benfica?
Eu sempre disse, quando fui para o Atlético de Madrid, que um dia gostava de voltar, e que gostava de acabar no Benfica, apesar de ter a noção que é difícil voltar enquanto jogador. Mas sim, tenho uma enorme saudade do que é mesmo o Benfica, de tudo mesmo. Poder fazer parte da história de um Clube tão grande como o Benfica é super emocionante e gratificante.

Viveu grandes momentos profissionais mas viveu também um momento que sabemos que não foi nada fácil [morte de Féher]…
Lembro-me perfeitamente de tudo no jogo, antes e depois, estou até arrepiado. Sabíamos o que estava a acontecer, mas tínhamos esperança. Quando recebemos a notícia, foi caótico.

E Luís Filipe Vieira, foi um grande amigo?
Foi e ainda continua a ser. Trocamos imensas mensagens, de Natal, de aniversário e sobre outros assuntos. Foi o presidente, juntamente com Vilarinho, que apostou em mim, foi sempre ele que cuidou de mim.

Sabemos que acabou o contrato, e agora…
Estou a passar a melhor fase da minha vida, apesar de não ter para já contrato a nível profissional.

Nunca trocou um contrato milionário pela proximidade com os seus filhos…
Eles sabem qual é a profissão do pai e sabem que o pai está a fazer este esforço para que eles possam crescer e terem condições melhores.

Como se imagina daqui a 50 anos?
Imagino-me sentado à mesa com os meus filhos, com a família, com esse objectivo de tê-los sempre ao meu lado, sempre a sorrir.


In: Jornal O Benfica

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