Foi jogador e capitão da
equipa de Futebol profissional e, em entrevista ao programa Alta Fidelidade da
BTV, reconheceu que o Clube foi determinante para a carreira que conseguiu ter.
Como recorda a apresentação no Barcelona, no longínquo ano de
2001, estava nervoso naquele dia?
Super nervoso. Aliás esses
dias foram super complicados e alucinantes sem dúvida. Foi a despedida, a
contratação, foi o viajar para Barcelona, testes médicos, tudo. E portanto, com
19 anos, super jovem, vindo de Vila Real com 13 e, ir para Barcelona, é claro
que foi uma mudança muito grande.
Estamos a falar de evolução, sente orgulho pela carreira que fez
até ao momento?
Sinto muito orgulho
realmente, porque acho que tudo o que construí, foi mesmo à base de trabalho e
também de muita humildade. Foi sempre essa a mensagem que os meus pais me
passaram.
Quando era criança queria ser o quê? Sempre quis ser jogador de
futebol?
Do que me lembro, comecei a
jogar futebol na tua, e a partir dos nove, dez anos sempre quis ser jogador de
Futebol. A Dona Ilda, a minha mãe, não me deixava, quando tive de vir para
Lisboa ela não queria, depois, foi o meu irmão que lá conseguiu dar a volta aos
meus pais e deram-me a autorização para vir para Lisboa.
A sua mãe é uma simpatia está sempre bem disposta, sempre a rir e
isso é excelente. Ajuda muito na carreira de um jogador?
Claro que sim, isso é o
mais importante, é saber que ela está bem, e assim nós podemos fazer o nosso
trabalho e estar tranquilos também.
O seu pai era uma pessoa especial para si. Foi um momento
particularmente complicado…
Sem dúvida, sempre tive uma
ligação muito forte com os meus pais, saí muito pequeno de Vila Real, mas
sempre tentei estar próximo. Não é fácil e depois aconteceu o que aconteceu.
Estava em Istambul no Besiktas, ele estava muito doente e não se podia fazer
muita coisa derivado ao seu grave problema de saúde. Quando estava a viajar de
Istambul para ir visitá-lo ao hospital, aterrei e recebi a notícia. Senti-me
muito triste porque o meu pai estava doente e eu queria visitá-lo só que a
minha situação profissional não o permitiu. Tiram-me as palavras com ele.
Muitas pessoas têm a imagem de um Simão Sabrosa capitão, mas há
um Simão que as pessoas não conhecem, um Simão divertido, brincalhão?
Eu adoro diversão, mas
sempre transmiti em entrevistas, uma forma de ser e de estar profissional.
Tentei sempre ser um exemplo, apesar de muitas pessoas acharem que eu era
arrogante.
Ainda mantém amizades com jogadores de futebol do tempo do
Benfica campeão até hoje?
Sim, com o Nuno Gomes, o
Miguel, falo com o Moreira e com muitos jogadores.
O que recorda dos momentos vividos no Benfica?
Foram 6 anos muito bons e
realmente construí a minha imagem aqui no Benfica. Cresci no Sporting, mas foi
no Benfica que consegui a minha estabilidade, onde consegui levar o meu nome
mais alto. Quando fui para Barcelona, as pessoas duvidavam de mim, tive dois
anos complicados em Espanha com mudança de treinadores, de jogadores e de
presidentes, mas aqui foi diferente.
Gostava de acabar a carreira no Benfica?
Eu sempre disse, quando fui
para o Atlético de Madrid, que um dia gostava de voltar, e que gostava de
acabar no Benfica, apesar de ter a noção que é difícil voltar enquanto jogador.
Mas sim, tenho uma enorme saudade do que é mesmo o Benfica, de tudo mesmo.
Poder fazer parte da história de um Clube tão grande como o Benfica é super
emocionante e gratificante.
Viveu grandes momentos profissionais mas viveu também um momento
que sabemos que não foi nada fácil [morte de Féher]…
Lembro-me perfeitamente de
tudo no jogo, antes e depois, estou até arrepiado. Sabíamos o que estava a
acontecer, mas tínhamos esperança. Quando recebemos a notícia, foi caótico.
E Luís Filipe Vieira, foi um grande amigo?
Foi e ainda continua a ser.
Trocamos imensas mensagens, de Natal, de aniversário e sobre outros assuntos.
Foi o presidente, juntamente com Vilarinho, que apostou em mim, foi sempre ele
que cuidou de mim.
Sabemos que acabou o contrato, e agora…
Estou a passar a melhor
fase da minha vida, apesar de não ter para já contrato a nível profissional.
Nunca trocou um contrato milionário pela proximidade com os seus
filhos…
Eles sabem qual é a profissão
do pai e sabem que o pai está a fazer este esforço para que eles possam crescer
e terem condições melhores.
Como se imagina daqui a 50 anos?
Imagino-me sentado à mesa
com os meus filhos, com a família, com esse objectivo de tê-los sempre ao meu lado,
sempre a sorrir.
In: Jornal O Benfica
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