R - Em que fase se
encontra a sua carreira? Terminou contrato com o Espanyol, em Junho, e 6 meses
depois continua sem clube. O que se passa?
S
– É uma situação que eu não esperava. Apareceram algumas propostas depois de eu
ter deixado o Espanyol, que fui recusando por não corresponderem ao que eu
desejava para continuar a carreira. Falei com o Jorge Mendes (empresário) e ele
disse-me para eu ficar tranquilo, que acabaria por aparecer uma solução boa.
R – Que entretanto não
apareceu…
S
– Pois não. Chegaram algumas propostas, sim, mas nada interessantes. E nem
sequer me refiro à parte financeira. A realidade é que, aos 35 anos, sinto-me
capaz de ainda jogar a um bom nível. Aliás, pretendo jogar mais duas épocas. Só
que os projetos, os clubes e os países que me apareceram é que não me agradam.
R – Porquê?
S
– Porque tenho filhos e, nestas alturas, sou obrigado a pensar neles e em tudo
o que envolve mudanças de país.
R –
De que países está a falar?
S
– A proposta mais séria que surgiu foi da Índia. Ainda cheguei a ponderar, mas
havia um problema. Na mesma altura em que este convite surgiu tinha também a
possibilidade de ir para o Dubai. E se aceitasse a mudança para a Índia, que
era para um contrato de 3 meses, teria de abdicar do Dubai.
R – Acabou por não ir
para nenhum dos lados.
S -Recusei a Índia porque o meu objetivo era
mesmo o Dubai ou os Estados Unidos. Infelizmente, a hipótese dos Estados
Unidos, que me agradava muito, viria a falhar porque a pessoa que me queria
estava lá para comprar o clube e, à última da hora, acabou por desistir. Daí
para cá, as abordagens têm continuado, mas até ao momento nada se concretizou.
R – E convites de
Portugal?
S
– De Portugal, não. Sempre disse que gostaria um dia voltar ao Benfica e também
sempre disse que, para voltar, isso só seria possível enquanto me sentisse em
condições de ajudar. Nem podia ser de outra maneira. Para fazer número e ser
apenas mais um, fora de hipótese. Mas…não, não. De Portugal ninguém falou
comigo.
R – Nunca esteve tanto
tempo sem jogar como agora. Está a ser duro?
S
– É uma situação muito estranha, mesmo. Nunca pensei ficar tanto tempo parado.
Aliás, por tudo o que fiz na carreira e por tudo o que conquistei, nunca pensei
que teria dificuldade em encontrar um clube para poder prosseguir. Sei que o
tempo passa por todos, mas, mesmo assim, sempre acreditei que aos 35 anos ainda
iria estar a jogar a um nível interessante e num clube onde pudesse ser feliz.
R – O regresso a
Portugal poderia acontecer por outra porta que não a do Benfica? O Braga, por
exemplo?
S
– Sim, poderia ser interessante. Porque quero continuar a jogar e porque sinto
que tenho condições para isso. A verdade, como já disse, é que nem sequer fui
abordado por qualquer clube português…
R – A ideia é resolver a situação agora no mercado de Janeiro?
S
– Sim, tenho recebido alguns contactos e acredito que muito em breve estarei de
novo em atividade.
R – Está em condições físicas para
competir de imediato?
S
– Sim, sim. Treino todos os dias. Estou a trabalhar com um preparador físico
pessoal, que já conheço desde os tempos do Atlético de Madrid. É uma pessoa que
me conhece bem e que me tem ajudado.
R – É fácil encontrar
motivação para treinar-se sozinho aos 35 anos?
S
– Para mim é muito fácil. Sempre gostei de treinar, de me superar. Já no
Atlético de Madrid, quando tinha este mesmo preparador, treinava de manhã no
clube e treinava à tarde, sozinho, com ele. Sempre me preocupei com a parte
física. Aliás, sinto-me muito bem a fazer desporto. Sinto-me mal é quando não
treino…(risos)
R – Onde é que treina?
S
– Em casa, no ginásio. E também na praia.
In: Record