segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

«NUNCA PENSEI FICAR TANTO TEMPO PARADO» - SIMÃO


R - Em que fase se encontra a sua carreira? Terminou contrato com o Espanyol, em Junho, e 6 meses depois continua sem clube. O que se passa?
S – É uma situação que eu não esperava. Apareceram algumas propostas depois de eu ter deixado o Espanyol, que fui recusando por não corresponderem ao que eu desejava para continuar a carreira. Falei com o Jorge Mendes (empresário) e ele disse-me para eu ficar tranquilo, que acabaria por aparecer uma solução boa.
R – Que entretanto não apareceu…
S – Pois não. Chegaram algumas propostas, sim, mas nada interessantes. E nem sequer me refiro à parte financeira. A realidade é que, aos 35 anos, sinto-me capaz de ainda jogar a um bom nível. Aliás, pretendo jogar mais duas épocas. Só que os projetos, os clubes e os países que me apareceram é que não me agradam.
R – Porquê?
S – Porque tenho filhos e, nestas alturas, sou obrigado a pensar neles e em tudo o que envolve mudanças de país.
R – De que países está a falar?
S – A proposta mais séria que surgiu foi da Índia. Ainda cheguei a ponderar, mas havia um problema. Na mesma altura em que este convite surgiu tinha também a possibilidade de ir para o Dubai. E se aceitasse a mudança para a Índia, que era para um contrato de 3 meses, teria de abdicar do Dubai.
R – Acabou por não ir para nenhum dos lados.
S  -Recusei a Índia porque o meu objetivo era mesmo o Dubai ou os Estados Unidos. Infelizmente, a hipótese dos Estados Unidos, que me agradava muito, viria a falhar porque a pessoa que me queria estava lá para comprar o clube e, à última da hora, acabou por desistir. Daí para cá, as abordagens têm continuado, mas até ao momento nada se concretizou.
R – E convites de Portugal?
S – De Portugal, não. Sempre disse que gostaria um dia voltar ao Benfica e também sempre disse que, para voltar, isso só seria possível enquanto me sentisse em condições de ajudar. Nem podia ser de outra maneira. Para fazer número e ser apenas mais um, fora de hipótese. Mas…não, não. De Portugal ninguém falou comigo.
R – Nunca esteve tanto tempo sem jogar como agora. Está a ser duro?
S – É uma situação muito estranha, mesmo. Nunca pensei ficar tanto tempo parado. Aliás, por tudo o que fiz na carreira e por tudo o que conquistei, nunca pensei que teria dificuldade em encontrar um clube para poder prosseguir. Sei que o tempo passa por todos, mas, mesmo assim, sempre acreditei que aos 35 anos ainda iria estar a jogar a um nível interessante e num clube onde pudesse ser feliz.
R – O regresso a Portugal poderia acontecer por outra porta que não a do Benfica? O Braga, por exemplo?
S – Sim, poderia ser interessante. Porque quero continuar a jogar e porque sinto que tenho condições para isso. A verdade, como já disse, é que nem sequer fui abordado por qualquer clube português…
R – A ideia é resolver a situação agora no mercado de Janeiro?
S – Sim, tenho recebido alguns contactos e acredito que muito em breve estarei de novo em atividade.
R – Está em condições físicas para competir de imediato?
S – Sim, sim. Treino todos os dias. Estou a trabalhar com um preparador físico pessoal, que já conheço desde os tempos do Atlético de Madrid. É uma pessoa que me conhece bem e que me tem ajudado.
R – É fácil encontrar motivação para treinar-se sozinho aos 35 anos?
S – Para mim é muito fácil. Sempre gostei de treinar, de me superar. Já no Atlético de Madrid, quando tinha este mesmo preparador, treinava de manhã no clube e treinava à tarde, sozinho, com ele. Sempre me preocupei com a parte física. Aliás, sinto-me muito bem a fazer desporto. Sinto-me mal é quando não treino…(risos)
R – Onde é que treina?
S – Em casa, no ginásio. E também na praia.

In: Record

domingo, 28 de dezembro de 2014

«BENFICA VAI SER BICAMPEÃO» – SIMÃO SABROSA


Deixou a Luz em 2007, assume que é hoje 100 por cento benfiquista e acredita que 6 pontos de vantagem chegam para revalidar o título. O ex-capitão das águias quer voltar em breve aos relvados.

R – Já passaram 7 anos desde a sua saída do Benfica. O que lhe parece o desempenho do clube nos últimos tempos?
S – Está numa onda vencedora. Criou uma dinâmica de vitória e hoje toda a gente sabe que para jogar no Benfica só pode pensar dessa maneira: ganhar e vencer campeonatos. Para além disso, tem tido a capacidade para estar em finais europeias, apesar de não as ter ganho. Mesmo assim, é muito importante chegar lá. E o Benfica conseguiu isso em duas temporadas consecutivas. Internamente, passou a estar sempre na luta pelo título. Ou ganha ou é 2º classificado. Balanço positivo, claro.
R – Esta temporada voltou a falhar na Liga dos Campeões.
S – Não quero fazer críticas, mas é óbvio que, como todos os benfiquistas, gostava de ter visto a equipa chegar mais longe nesta competição. É bom ter sucesso na Liga Europa, mas a Liga dos Campeões é outra coisa…Quem disputa as duas provas percebe bem a diferença.
R – Viu os jogos do Benfica esta época na Champions?
S- Vi, todos.
R – O que falhou?
S – Não sei…Não quero fazer qualquer crítica, sinceramente. Ouvi alguém dizer que faltou motivação para disputar a Liga dos Campeões, mas isso não faz qualquer sentido. Só o facto de se ouvir aquele hino já faz disparar a motivação. Portanto, não foi por aí. Não sei bem o que falhou. Talvez tenha faltado algum rigor, alguma intensidade. Talvez tenha sido isso. Mas eu estou fora.
R - Saíram jogadores importantes e muito difíceis de substituir.
S – É verdade, sem dúvida. E também é preciso reconhecer que têm acontecido muitas lesões, nalguns casos de jogadores fundamentais. Mas, enfim, ficará sempre a pergunta: se tivesse mantido os jogadores que saíram, o Benfica chegaria mais longe? Acho que sim, que poderia chegar. Garay, Rodrigo ou Markovic não se substituem facilmente. De qualquer forma, o plantel do Benfica continua a ter muita qualidade.
R – Na Liga, pelo menos, dá para liderar com 6 pontos de avanço.
S – O Benfica está a fazer um excelente campeonato! Muito bom, mesmo. Apesar de haver quem diga que o Benfica conseguiu esta vantagem porque o FC Porto não tem estado tão bem na Liga como na Champions ou que o Sporting tem sido irregular, a verdade é que o Benfica tem feito a sua parte e tem somado pontos. E ganha sempre quem faz mais pontos.
R – As exibições é que não têm sido muito boas…
S - É verdade o último jogo, com o Gil Vicente, não foi brilhante, mas é preciso lembrar que a equipa vinha de dois compromissos muito intensos, frente ao FC Porto e Sp. Braga. E depois daquela eliminação da Taça aos pés do Sp. Braga, nunca seria fácil levantar a moral. Portanto, frente ao Gil, conseguiu o mais importante que era a vitória. E assim deu para manter a vantagem confortável de 6 pontos antes de ir para as férias de Natal.
R – Resumindo: com essa vantagem, o Benfica é o principal candidato ao título. Concorda?
S -  Concordo, claro. Acho que vamos ter um campeonato super interessante a partir de Janeiro e acredito que o FC Porto ainda vai complicar muito a vida ao Benfica – que, no entanto, depende apenas de si próprio para atingir o objetivo. Acredito, por isso, que o Benfica vai ser bicampeão.
R- Do seu tempo resta apenas Luisão no plantel…
S – Pois, já passaram muitos anos (risos). Também lá estão o Salvio e o Pizzi que foram meus colegas no Atlético de Madrid.
R – O Luisão foi o herdeiro da sua braçadeira de capitão. Ainda vão falando?
S – Mantemos um bom contacto. Sempre que vou ao estádio passo pelo balneário e falo com o Luisão. Também falo muitas vezes com o Ruben Amorim. E faço questão, sempre que lá vou, de estar com outras pessoas que conheço bem e de quem gosto, como o Dr. Lourenço (Coelho), o Shéu, os roupeiros, tanta gente!
R – Deu para perceber que se tornou mesmo um benfiquista quase a 100%.
S- (Risos) É verdade. Não escondo isso. O meu filho é doido pelo Benfica, vai a quase todos os jogos na Luz. Continuo a ter um carinho muito grande pelo Sporting e tenho pena que alguns sportinguistas não gostem hoje de mim. Mas admito que parte da culpa é minha, porque fiz um comentário que não deveria ter feito. Obviamente que pedi desculpa. Em relação à minha transferência para o Benfica, a verdade é que, naquele momento, como toda a gente sabe, o Sporting atravessava um momento difícil e não tinha condições para eu poder regressar. Essa é a verdade, embora exista sempre quem não queira perceber.
R - O FC Porto tem vários jogadores de qualidade que o Simão conhece bem do campeonato de Espanha. Como é que se explicam os 6 pontos de atraso?
S – Para quem vai à frente é uma vantagem confortável, mas…não é nada irrecuperável. Creio que se o Benfica mantiver a linha dos últimos tempos, com aquela intensidade de jogo, será sempre o principal candidato. Mas, realmente, é preciso dizer que o FC Porto tem uma equipa muito boa, com jogadores fantásticos. Se subir um bocadinho o nível no campeonato, tal como tem conseguido na Liga dos Campeões, vai complicar muito a vida ao Benfica. Mas é como digo: o Benfica tem armas suficientes para segurar a vantagem.
R - Que lhe parecem as ideias do Lopetegui?
S – Gosto, sinceramente. Mas se eu estivesse naquela equipa se calhar não achava muita piada…
R – Então?
S – Os jogadores não gostam que o onze esteja sempre a mudar. Percebo a questão da rotatividade, mas um jogador não aprecia muito isso. Quando se está bem fisicamente, queremos sempre jogar. Quarta, domingo, quarta, domingo. Sempre.
R – Mas havendo tantas soluções boas no plantel, não faz sentido ir mudando?
S – É por isso mesmo que entendo a rotatividade no FC Porto. Porque há muita qualidade e porque fizeram muitas contratações – algumas, até, para a mesma posição. Logo, é preciso mantê-los motivados. Quem está 6 ou 7 jogos de fora dificilmente encontra motivação quando, de repente, é chamado à equipa. Portanto, há que ir tendo minutos. Mas de uma coisa ninguém tenha dúvidas os grandes jogadores querem jogar sempre.
R – Em relação ao Sporting, o que lhe parece esta primeira fase da temporada?
S – Começou muito bem e tem jogadores de qualidade. O Nani veio trazer uma agitação e uma euforia de que o Sporting estava a precisar. O Sporting e também o futebol português. Mas há mais gente com qualidade, não é só o Nani. Apesar de tudo o que se diz, o trabalho de Marco Silva merece nota positiva. O facto de os jogadores estarem ao lado do treinador é muito revelador. Se houver estabilidade e derem condições ao técnico, acredito que o Sporting vai chegar ao lugar que merece.
R- Como o atraso para o líder já é muito grande e a conquista do campeonato parece improvável, o que é que ainda poderia vir a ser uma época positiva para o Sporting?
S – Positivo seria estar o mais perto possível do Benfica e FC Porto. Estar na luta. Acho que isso já seria positivo. Mas é possível aproximar, claro. Creio que será fundamental o Sporting ganhar os jogos em casa. É aí que tem estado a faltar alguma regularidade. É preciso também lembrar que o clube ainda está em todas as outras competições, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa.

In: Record

sábado, 27 de dezembro de 2014

SIMÃO SABROSA PODE ESTAR A CAMINHO DO LE HAVRE


Sem clube desde que deixou o Espanyol, no final da época passada, Simão Sabrosa pode estar à beira de assinar pelo Le Havre, emblema que atualmente segue na 11.ª posição da segunda divisão francesa.

Christophe Maillol, que deverá ser anunciado nas próximas horas como o novo dono do Le Havre, já garantiu a contratação do experiente avançado brasileiro Adriano, que também estava atualmente no desemprego.

Simão Sabrosa, de 35 anos, jogou no Sporting, Barcelona, Benfica, At. Madrid, Besiktas e Espanyol, contando ainda com 85 internacionalizações pela Seleção Nacional.

In: Record

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FESTAS FELIZES

@simaosabrosa20

O Blog Simão Sabrosa Fãs deseja ao enorme Simão, à sua família e a todos os visitantes desta página UM SANTO E FELIZ NATAL e UM PRÓSPERO ANO NOVO! Que a magia desta época ilumine sempre os vossos corações!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

FÉRIAS ROMÂNTICAS NO DUBAI


Visivelmente apaixonados. Assim estão Simão Sabrosa e Vanessa Rebelo, que se encontram a passar umas férias românticas no Dubai, como comprovam  as fotografias partilhadas nas redes sociais. “Apaixonados no Dubai”, escreveu Simão Sabrosa na legenda de uma das fotos, na qual surge a beijar a companheira.
 
O futebolista e a decoradora foram pais de um menino, que recebeu o nome do pai, há cinco meses, mas o bebé terá ficado em Portugal ao cuidado de familiares. O casal está junto há dois anos. Ambos têm filhos de anteriores relações. 
 
Depois de terminar o contrato com o Espanyol de Barcelona, Simão Sabrosa está sem clube.

In: Vip

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SIMÃO SABROSA ASSISTE A CONCERTO DE JOHN LEGEND

Instagram - simaosabrosa20
O futebolista Simão Sabrosa foi com a companheira, Vanessa Rebelo, assistir ao concerto do artista John Legend, que atuou no sábado no MEO Arena, em Lisboa. Nas redes sociais publicou um conjunto de imagens desse momento e escreveu: “Concerto inesquecível. Sejam felizes.” 

O jogador foi pai, em junho, de Simão Salvador Sabrosa, fruto da relação com a decoradora e está a viver uma excelente fase a nível pessoal.

In: Record

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MUITOS PARABÉNS, CAMPEÃO!

O dia 31 de Outubro é sempre um dia especial, o dia em que uma das pessoas que mais admiro e um dos meus maiores exemplos nasceu. Hoje, o enorme Simão faz 35 anos. Muitos Parabéns, Campeão! Que tenhas um dia super feliz junto dos que mais amas e que eles te façam sentir todos os dias essa pessoa especial, maravilhosa e bonita que és. Lutador, humilde, simples, exemplar, com um talento e classe enormes: é assim que és! Um grande homem, um super pai e um profissional fora de série. Que a vida te sorria sempre a ti e aos teus, Simão. Deste lado estará sempre alguém a admirar-te, a apoiar-te, a ter o maior orgulho em ti e a desejar que sejas sempre muito feliz. Nunca deixes de ser aquilo que sempre foste: um verdadeiro Campeão tanto dentro como fora das quatro linhas. És o maior e o melhor!



Com o maior carinho e orgulho,
Tânia.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

UM PAI MUITO BABADO

@Instagram simaosabrosa20
 
Orgulhoso da sua família, Simão Sabrosa tem partilhado no Instagram fotografias ternurentas do filho mais novo, que tem o seu nome. Nascido da relação com Vanessa Rebelo, o pequeno Simão Salvador tem atualmente quatro meses.

Simão Sabrosa, que sempre se mostrou um progenitor dedicado, é ainda pai de Mariana e Martim, de 13 e 10 anos, fruto do seu anterior casamento. Já Vanessa Rebelo é mãe de Rodrigo, de quatro anos, também fruto de outra relação.
In: Vip

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

«TELEFONAVA À MINHA MÃE A CHORAR» - SIMÃO SABROSA


A entrevista estava marcada para uma das esplanadas da Casa da Guia, em Cascais. Mas, por causa da chuva, teve de ser feita no condomínio privado onde vive Simão Sabrosa, no Estoril. O avançado, que vai fazer 35 anos a 31 de Outubro, lembrou as histórias de infância, contou episódios sobre Van Gaal ou Mourinho e garante: não quer ser treinador.

Como foi a sua infância em Constantim, perto de Vila Real?
Andava sempre a jogar à bola na rua. E depois, como a casa dos meus pais é ao lado do campo de futebol, ia para lá com o meu irmão [Serafim Sabrosa]. As bolas que iam para o nosso terreno ficavam lá até que o roupeiro do clube as ia procurar. Eu, quando apanhava alguma andava com ela até que o roupeiro ma pedia de volta.

Com 10 anos foi jogar para o Diogo Cão, de Vila Real. Porquê?
Havia um senhor de Constantim que me via a jogar na aldeia e como trabalhava na escola Diogo Cão decidiu falar com o professor José Maria para eu ir lá fazer um treino. Fui e fiquei.

Como foi a sua estreia?
Contra o Chaves. Antes de entrar estava nervoso e fui falar com o meu irmão, que era o meu conselheiro. Ele tranquilizou-me. Entrei ao intervalo e marquei dois golos, ganhámos 5-2.

Jogava nos infantis e nos iniciados.
Sim, aos sábados jogava pelos infantis, com miúdos da minha idade, e aos domingos de manhã estava nos iniciados. Eu adorava. Era pequenino, mas corria muito. Jogava a avançado centro e marcava muitos golos.

Treinava quantas vezes?
Três ou quatro vezes por semana.

Era uma vida cansativa?
Sim, chegava a casa às 21h30. No dia a seguir tinha de me levantar às 7h, para ir para as aulas, e por isso às vezes ia logo para a cama, nem jantava. Pedia ao meu irmão para me fazer os trabalhos. E ele fazia. Se ele não estivesse em casa, deixava-lhe uma nota. Ou então, de manhã ele acordava-me mais cedo e ajudava-me.

Foi complicado ir para o Sporting, com 13 anos?
Muito. Nunca tinha estado em Lisboa. Fiquei no lar do Sporting, no antigo estádio José Alvalade, os quartos ficavam por baixo da bancada nova, ficávamos quatro em cada quarto.

Quem foram os seus colegas?
O Nuno Santos, guarda-redes, o João Paulo, um brasileiro, e o Alfredo Bóia [médio que jogou no U. Leiria, Paços de Ferreira e Nacional]. Depois, também chegou a ficar lá o Boa Morte.

Os seus pais iam visitá-lo regularmente?
Sempre que podiam, mas como tinham a vida deles – o meu pai era carpinteiro e a minha mãe doméstica – era complicado, porque a viagem de autocarro demorava nove horas.

Matava as saudades pelo telefone?
Sim. Tínhamos direito a fazer quatro telefonemas por semana, mas eu já conhecia a telefonista do Sporting e conseguia dar-lhe a volta e telefonava todos os dias. Chorei muitas vezes ao telefone e muitas vezes estive para desistir e voltar para casa.

Alguma vez disse: “Não aguento mais isto, quero ir-me embora”?
Muitas. Quando falava com a minha mãe dizia-lhe, a chorar: “Quero ir-me embora”. E ela: “Filho, se não te sentes bem, vamos tratar disso”. Mas no dia a seguir as coisas entravam na rotina de voltar a estudar e a jogar e passavam. As dificuldades obrigaram-me a crescer.
Como era a sua vida em Lisboa?
Tínhamos de ir às aulas, na escola de Telheiras, depois tínhamos os treinos e a seguir era jantar e recolher. A entrada, pela porta 10A, era até às 22h. A partir daí geríamos o nosso tempo. Só passados dois ou três anos é que começámos a ter pessoas lá em permanência, quando veio o Leonel Pontes [actual treinador do Marítimo], e o senhor Paulo, que ainda está no Sporting.

Ficavam a ver televisão ou a jogar cartas até às 2h da manhã?
Havia de tudo. Mas, como tínhamos acesso ao campo de futebol de salão e de hóquei em patins ou de andebol, a seguir ao jantar ficávamos lá muitas vezes a vê-los treinar.

Estreou-se na equipa principal do Sporting com apenas 17 anos.
Com 16 anos assinei contrato profissional e na época seguinte estava nos juniores, mas treinava muitas vezes com o plantel principal. Estreei-me contra o Salgueiros. E marquei um golo que nos deu o apuramento para a Liga dos Campeões. 

Dia da apresentação no Barcelona, em 1999

Mudou-se para o Barcelona com 19 anos. Foi cedo demais?
Não. As oportunidades aparecem e temos de agarrá-las. Foi difícil deixar o Sporting, porque estava numa fase muito boa, era da casa, mas fui para um dos maiores clubes do mundo.

Em termos financeiros, era uma proposta irrecusável?
Foi uma excelente proposta.

Foi ganhar quanto? O dobro do que recebia no Sporting?
Não vou falar de valores, mas talvez mais do triplo.

Que recordações tem de Barcelona?
Apesar de não ter ganho nenhum título, a nível pessoal foram dois bons anos, porque treinando e jogando com os melhores do mundo acabamos sempre por aprender e melhorar. No segundo ano, o Figo, que era o meu ídolo, foi para o Real Madrid e acabei por jogar mais. Mas na parte final houve ali um momento caricato, porque saiu o Serra Ferrer [treinador] e entrou o [Carles] Rexach. Ele quando era jogador era extremo, mas como treinador não jogava com extremos. Então, eu, o Overmars e o Zenden ficávamos no banco. 

Quando chegou a Barcelona, "Figo recebeu-me bem e ajudou-me"

Tinha uma boa relação com Figo?
Sim, estávamos juntos muitas vezes, íamos almoçar, jantar. Também tinha a ajuda do Rivaldo, que era o meu companheiro de quarto.

Esteve no Barcelona com José Mourinho e Van Gaal. São dois treinadores com mau feitio?
Sim, o Van Gaal era duro.

Deu-lhe alguma descasca?
A mim não, ele era mais duro com aqueles jogadores mais experientes, com mais responsabilidade. Dava muitas descascas. Em todo o lado, nos treinos, nos jogos. Era muito rigoroso: por exemplo, quando viajávamos tínhamos de ter sempre a gravata e o botão do colarinho apertado. E não podíamos usar telemóveis no autocarro ou no balneário.

E como é que era José Mourinho?
Tranquilo, sempre com piadas e brincadeiras. De manhã dava-me cópias dos jornais e de notícias que tirava da Net. Era muito atencioso.

E já queria ser treinador principal?
Ele não falava nisso, mas ambicioso como era, claro que queria ser. Ele já tinha estado com o Bobby Robson, um dos melhores treinadores do mundo. E no Barcelona era ele quem preparava e dirigia os treinos, o Van Gaal ficava só a observar. Portanto, ele já tinha essa experiência, já tinha uma base. Uma vez fui a casa dele, em Sitges, e no último andar ele tinha lá os seus cadernos com as tácticas todas, tudo bem organizado. 

Dia da apresentação no Benfica, em 2001

Em 2001 foi para o Benfica, mas até esteve para ir para o Sporting.
Eu queria sair do Barcelona, e na altura surgiu a hipótese de regressar ao Sporting. Cheguei a reunir com pessoas do Sporting, mas eles queriam-me apenas por empréstimo, devido aos valores que o Barcelona pedia (12 milhões de euros). O Benfica pagou esse valor e eu fui para lá. É verdade que fui para um rival, mas como profissional não ia recusar.

Mas nunca lhe perdoaram. Em especial por causa daquela sua afirmação num Sporting-Benfica, em que o Sporting se ganhasse era campeão e disse que queria ir a Alvalade estragar-lhes a festa.
Sim. Foi uma declaração infeliz, feita sem pensar, até porque o Sporting dependia só de si. Mesmo que o Benfica ganhasse, como veio a acontecer, só iria adiar a festa. E eu também nem ia jogar, estava a recuperar de uma lesão. Foi um erro.

Foi campeão com Trapattoni na época 2004/05. Lembra-se de alguma história com ele?
Ele tinha uma energia incrível, e era muito divertido. Um dia, fui-lhe pedir uma folga para a equipa e ele: “Não, vai tu, vai tu”. E eu dizia-lhe: “Não, mister, eu estou aqui como capitão, a pedir para a equipa. Ou é para todos ou então esqueça”. E ele: “OK, dois dias de folga, então”.

Hoje, é simpatizante do Benfica?
Sim. Fui sempre bem tratado pelas pessoas do Sporting, mas no Benfica estive seis anos, fui uma referência, fui capitão, fui campeão… os adeptos adoram-me e eu adoro o Benfica por todas as alegrias que lá vivi.

Em 2007, foi para o Atlético de Madrid. Nunca pensou em acabar a carreira no Benfica?
Pensei, e gostaria que isso tivesse acontecido, mas a verdade é que surgiu a possibilidade de jogar noutro campeonato. Fiz um contrato melhor, estive lá três anos e meio e também fui muito feliz: ganhei a Liga Europa e a Supertaça Europeia.

É verdade que em 2005, quando esteve para ir para o Liverpool, ia entrar no avião quando lhe disseram para não embarcar?
No avião, não, mas estava no aeroporto. Era o último dia de transferências e estava com a selecção. O plano era viajar, fazer os testes médicos, assinar e voltar para a selecção. Havia acordo entre os clubes, mas depois ligaram-me do Benfica a dizer que tinham cancelado.

Tem alguma mágoa por não ter ido jogar para Inglaterra?
Era um dos meus sonhos, mas acabou por não acontecer. E também estive para ir para o Chelsea por duas vezes, primeiro quando estava no Benfica, e depois no Atlético de Madrid. Da primeira vez [2005], era o Mourinho que me queria levar para lá, houve contactos, mas como foi em Janeiro disseram-me que não me podiam deixar sair naquela altura, estávamos a lutar pelo título. E com o Scolari foi a seguir ao Euro 2008, mas o negócio acabou por não se fazer.

E como é que foi jogar na Turquia, no Besiktas?
Foi espectacular. Fui para lá em Janeiro de 2011 e ganhámos a Taça. Depois houve uma grande confusão, no início da época seguinte, em que o presidente e o vice-presidente foram presos [por suspeitas de corrupção], e então os jogadores que tinham sido levados por eles, como foi o meu caso, acabaram por sofrer as consequências. Como tínhamos ordenados elevadíssimos, tivemos de sair, eu mudei-me para o Espanhol, para Barcelona. Mas a Turquia é o sítio onde as pessoas são mais fanáticas por futebol. E eu adoro Istambul.

Está sem clube. Vai continuar a jogar ou vai acabar a carreira?
Espero jogar pelo menos mais dois anos. Já tive algumas ofertas, mas que não me satisfizeram, porque acho que tem de ser algo bom.

Teve propostas de onde, dos EUA, dos países árabes, da Índia?
Sim, tive da Índia, e também de outros países, mas não aceitei, porque sei aquilo que quero e vou ficar à espera que isso possa acontecer. Continuo a treinar todos os dias com um preparador físico para estar em forma. Estou ansioso por voltar a jogar.

E depois de acabar a carreira, poderá ser treinador?
Gostava de ficar na área de gestão desportiva, a trabalhar num clube. Agora... treinador, acho que seria castigar muito a família, porque um treinador tem de preparar os jogos e os treinos de manhã, à tarde e à noite. 

Com a actual mulher, Vanessa Rebelo

Quais são os seus hobbies?
Agora, é cuidar dos meus filhos. O bebé [o filho com a actual mulher, Vanessa Rebelo] tem três meses, tenho de ajudar em casa. E adoro jogar futebol com o meu filho Martim, de 11 anos, e com o Rodrigo, filho da minha mulher, que tem 5.

Decidiu preservar as células estaminais do cordão umbilical do seu filho. Foi também para as poder usar em possíveis lesões suas?
Foi para acautelar eventuais problemas com o Simão Salvador. Mas também servem se eu tiver lesões. Por exemplo, o Di María usou essa técnica antes do Mundial do Brasil.

Gosta de música?
Sim, compro tudo através do iTunes, para poder ter no telefone e no iPod.

Tem algum cantor preferido?
Vários. Por exemplo, gosto do Usher. E num estilo mais romântico há o Alejandro Sanz, que conheci quando estava em Madrid e é meu amigo.

Também costuma ouvir Marco Paulo, por influência da sua mãe.
Quando ela ia ter comigo a Madrid ou a Istambul, e estava a cozinhar, tinha de ter sempre as músicas do Marco Paulo. A minha mãe adora-o.

Gosta de cozinhar?
Faço só o mais básico. Esparguete, arroz, grelhar carne... Agora, pratos mais elaborados já não me peçam.

Prega partidas aos seus colegas?
Sim, aprendi com os mais velhos. Eu era sempre o mais novo e ficava caladinho e ia vendo o que eles faziam. Depois, comecei a fazer também.

Que tipo de coisas é que fazia?
Ao almoço, se iam à casa de banho colocava-lhes sal na água ou na Coca-Cola. E pendurava as roupas deles com combinações que não tinham nada a ver, para todos se rirem.

In: Revista Sábado